quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Recôncavo passando a limpo

As atividades exploratórias na primeira bacia sedimentar brasileira a produzir petróleo continuam fortes. O Recôncavo é hoje responsável pelo maior número de declarações de comercialidade feitas por petroleiras ao longo de 2011. Três dos sete blocos que viraram campos este ano estão na bacia.
A maior operadora de blocos exploratórios na região, a Alvorada Petróleo já investiu algo em torno de R$ 50 milhões nos 11 blocos nos quais detém participação na bacia, sendo R$ 25 milhões na aquisição de dados e R$ 30 milhões na perfuração de dois poços. Os 260 km² adquiridos – a Stratageo fez a coleta e a Flamoil, o processamento – já resultaram na identificação de quatro locações para poços. As campanhas geraram indenizações de cerca de R$ 500 mil para donos da terra, que recebem participação de 1% da produção em caso de descoberta.  
Os investimentos da empresa, que também incluem a criação de facilidades de produção, resultaram até o momento num volume de 60 barris/dia na região. Todas as áreas, que são oriundas da 9ª rodada da ANP, estão hoje cobertas por dados novos, o que traz uma nova leitura do Recôncavo por conta das novas tecnologias empregadas. “Estamos falando de uma região que não via uma sísmica 3D desde a década de 80”, comenta o gerente de E&P da Alvorada Petróleo, Kleber Almeida, defendendo a releitura da bacia com dados de melhor qualidade.
Em meados do ano, a Stratageo concluiu a aquisição de 50 km2 de dados 3D nos blocos REC-T-196, REC-T-197 e REC-T-182, operados pela Alvorada. A campanha é a maior aquisição 3D contínua já realizada na bacia. A empresa agora prepara a entrega do pacote de dados à petroleira.
No momento, a Alvorada está cotando no mercado uma nova sonda. A empresa tem compromisso com a ANP de perfurar quatro novas locações até outubro de 2012.
Com a conclusão do serviço para a Alvorada, a Stratageo está mobilizando a equipe sísmica ES-0311 para adquirir dados 3D no REC-T-224, operado pela canadense Gran Tierra. A campanha prevê a aquisição de 37 km2 de dados e deve ser concluída em dois meses.
Esta é a primeira campanha da petroleira no país e envolve parâmetros pesados de dados para o imageamento de um embasamento a 5.000 m de profundidade. A aquisição dos ativos foi feita por meio de farm-in com a própria Alvorada que envolveu os blocos REC-T-129, REC-T-142, REC-T-155 e REC-T-224. A canadense tornou-se operadora dos blocos com 70% de participação, e a Alvorada mantém 30% de interesse.  
A empresa já iniciou os trabalhos de seu primeiro poço como operadora no Brasil, o 1-GTE-01-BA, que será perfurado no REC-T-142. O poço vertical está sendo trabalhado desde o início de outubro para testar a presença de reservatório na área. Caso a análise seja positiva, a sonda retornará à locação no fim do ano para perfurar um novo poço horizontal.
Este será o primeiro de três poços que a Gran Tierra pretende perfurar no final do ano e ao longo do primeiro semestre de 2012. A perfuração do segundo poço também estava prevista para ser iniciada já em meados de outubro. O 1-GTE-02-BA será perfurado no REC-T-129 e vai atingir a profundidade de 1.950 m. Ambas as campanhas devem durar cerca de 35 dias.
A Gran Tierra projetou investir US$ 299 milhões ao longo do ano em ativos exploratórios na Colômbia, Peru, Argentina e Brasil. Aqui, a petroleira pagará pela aquisição de 130 km2 de dados sísmicos 3D nas quatro áreas na Bahia.
Sísmica para a Petrosynergy
Desde 2000, a Petrosynergy já investiu algo em torno de R$ 60 milhões no Recôncavo. A empresa já perfurou oito poços, que resultaram na descoberta de quatro campos – Canário, Uirapuru, Trovoada e Uirapuru Sul-Oeste –, com estimativas iniciais de volume de 8,7 milhões de barris de óleo equivalente. Agora a petroleira analisa a quantidade de poços de desenvolvimento necessários e a necessidade de contratar nova sísmica.
A Petrosynergy executou um programa sísmico 2D nos blocos REC-T-150, REC-T-163, REC-T-177 e REC-T-191, com 159 km de linhas com 3.117 registros. Nos outros blocos exploratórios foram comprados dados 3D disponibilizadas pela ANP. “Hoje temos sísmica 2D e 3D em todos os campos da bacia, mas seguramente precisaremos continuar fazendo novas sísmicas ou reinterpretando as existentes, tendo em conta a complexidade dos reservatórios”, afirma o diretor-geral da Petrosynergy, Sergio Páez. (F.M.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...